A Economia Circular consiste numa “resposta ao desejo de um crescimento sustentável no contexto da pressão crescente que a produção e o consumo exercem sobre o ambiente e os recursos mundiais” (Comissão Europeia, 2014). É regenerativa e restaurativa por princípio, tendo como propósito manter produtos, componentes e materiais no seu mais alto nível de utilidade e valor ao longo do tempo (Ellen MacArthur Foundation, 2012).
Com o crescimento populacional, o aumento da escassez de recursos naturais e os preços elevados das matérias-primas que derivam de um aumento da procura, verifica-se a necessidade de uma mudança para um paradigma mais sustentável.
A economia circular é um conceito que pretende redefinir a gestão de recursos a longo prazo, tomando como inspiração os ecossistemas naturais, onde é integrada a redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia, substituindo o conceito de fim de vida comum na economia linear. Se até agora era impossível a desagregação do crescimento económico e do aumento do consumo de recursos, com a aplicação do conceito de economia circular torna-se possível a ocorrência desta dissociação, de forma gradual.
Esta transição oferece diversos mecanismos de criação de valor dissociados do consumo de recursos finitos, substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado.
Tem em vista uma ação mais ampla, desde do redesenho de processos, produtos e novos modelos de negócio até à otimização da utilização de recursos, tendo sempre em conta a possibilidade de reutilização, reparação, renovação e reciclagem dos materiais e produtos existentes, ou seja, o que dantes tínhamos como um “resíduo” poder ser transformado num recurso.
Existem diversos benefícios da adoção do modelo de economia circular, nomeadamente:
· Promoção da Ecoinovação;
De acordo com o site eco.nomia.pt, é estimado que através das medidas de minimização da geração de resíduos, da conceção ecológica, reutilização, entre outras ações relacionadas com a economia circular, seja possível gerar poupanças líquidas de cerca de 600 mil milhões de euros às empresas da UE, possibilitando a criação de 170 000 empregos no setor da gestão de resíduos e levando a uma redução das emissões totais anuais de gases de efeito estufa, de 2 a 4%.
Algumas das estratégias de economia circular na cerâmica englobam:
O ecodesign - que é a “integração sistemática de considerações ambientais no processo de design de produtos”, uma vez que se estima que esta etapa é responsável por cerca 70% a 80% dos impactes ambientais relacionados com o produto. A aplicação deste conceito desde o início do processo de desenvolvimento otimiza o perfil ambiental do produto em todas as etapas do seu ciclo de vida, nomeadamente, na extração de matérias-primas e auxiliares, fabricação, distribuição, utilização (podendo incluir previamente a construção) e fim de vida. Procura assim processos e produtos menos intensivos em recursos naturais materiais e energéticos.
Simbiose Industrial - Este conceito refere-se a uma colaboração entre empresas na gestão dos seus materiais/recursos. Isto é, pode existir a troca de materiais, a partilha de energia (ou gases residuais) ou de serviços entre empresas de diferentes setores, no sentido da minimização do desperdício. Um resíduo gerado numa indústria pode tornar-se um subproduto ou matéria-prima noutro processo diferente do que lhe deu origem, ou até mesmo no mesmo processo. Pode incluir-se neste âmbito das sinergias a partilha de infraestruturas (ex. ETARI), equipamentos comuns ou aluguer, serviços comuns (p.e. plataformas de logística, eletricidade para auto-consumo partilhado).
Prevenção e valorização de resíduos; simbioses industriais - No âmbito da valorização de resíduos, o CTCV tem realizado uma série de estudos de incorporação de resíduos, particularmente na indústria de cerâmica estrutural, através da valorização de resíduos e subprodutos gerados na própria indústria (poeiras, lamas e cacos) minimizando deste modo a extração de recursos naturais e potenciando a economia circular, e na valorização de resíduos de outros sectores em matrizes cerâmicas (resíduos da pasta e papel, resíduos da fundição, resíduos de industria extrativa, processamento de pedras, curtumes, tratamento de resíduos, exploração de minérios, etc).
Extensão de ciclo de vida - procurando prolongar os produtos cerâmico o maior tempo possível da cadeia de valor, com iniciativas de “combate à obsolescência programada” ou processo de reconversão de resíduos em novos materiais ou produtos.
Pensamento de ciclo de vida - a abordagem subjacente no desenvolvimento de um processo ou produto com o Ciclo de Vida do Produto, é o mote para a valorização dos recursos empregues durante a sua produção. Em cada etapa do ciclo de vida do produto, desde a sua extração, produção, distribuição, utilização até ao seu fim de vida, existe o consumo de recursos e energia com impacte na natureza.
Sensibilização e envolvimento social.
- Preservar e aumentar os materiais naturais, penalizando as atividades destruidoras da natureza e promovendo as atividades que interferem o menos possível com o equilíbrio dos ecossistemas;
- Otimizar a produção de recursos, fazendo circular produtos, componentes e materiais durante o maior tempo possível;
- Fechar ciclos, de forma a que a produção e o consumo sejam, tanto quanto possível, autossustentáveis;
- Fomentar a eficácia do sistema socioeconómico;
- Promover um novo paradigma social, na medida em que, a transição para a economia circular não se fará sem mudanças fundamentais de comportamento e de modos de pensar.
- Atuação no ecodesign e ecoconceção
- Uso eficiente dos recursos na produção
- Desmaterialização dos produtos e serviços
- Extensão do tempo de vida dos produtos
- Valorização de subprodutos e resíduos
- Simbioses industriais através do aproveitamento de subprodutos e resíduos em indústrias distintas das produtoras
- Novos modelos de negócio inovadores
- Sensibilização dos colaboradores