Durante a fase de polimento do grés porcelânico, são geradas águas residuais que são tratadas em ETARI, que originam lamas que contêm água e detritos muito finos, provenientes dos ladrilhos e das ferramentas, predominantemente magnesite e partículas abrasivas, carboneto de silício e diamante, que são libertadas das ferramentas utilizadas. Em Itália, estas lamas têm usualmente como destino o aterro e a sua produção é de cerca de 20 000 toneladas por ano.

Neste contexto, foi realizado um estudo cujo objetivo foi avaliar a possibilidade de reutilizar estas lamas, na preparação da mistura utilizada para o fabrico de grés porcelânico, substituindo diferentes quantidades de uma das matérias-primas naturais. Utilizando as lamas, a indústria dispõe de uma matéria-prima secundária gratuita e diretamente disponível, evitando custos com transportes e com a deposição em aterro. Para além disso, a presença de calcite, magnesite em pequenas quantidades, e feldspato, pode promover a sinterização no corpo cerâmico, permitindo também um efeito positivo no processo de cozedura.

A incorporação destes resíduos entre 5 a 15% em peso, possibilitou a obtenção de materiais de grés porcelânico com boas características. Os novos materiais produzidos apresentaram uma diminuição significativa na temperatura máxima de sinterização (1140 a 1160 ºC), mantendo as propriedades mecânicas.

Estes resultados revelam como a reciclagem reutilização e a exploração deste tipo de resíduos podem ser viáveis para a indústria cerâmica, contribuindo para uma economia circular.